Testemunho de Novembro

07-11-2018

a doença de menière é um mistério e uma tortura que corrói. tenho esta doença desde 2013, altura em que foi diagnosticada e que me fez padecer, na altura, com uma crise que durou quatro meses infernais.

desde então vou vivendo com crises ligeiras que tento travar sabe-se lá de que forma, mas sempre com remédios que não gosto de tomar, dietas e inevitáveis pausas nas rotinas (desde o trabalho às festas).

a última crise (com início vagaroso há dois meses) acabou por tornar-se violenta. bateu à porta devagarinho mas fui fazendo de conta, ou orelhas moucas, até ao cúmulo do insuportável, quando dentro da cabeça habitava o motor de um avião a jacto. deixei de ouvir o motor do carro, o autoclismo, o exaustor, as vozes de quem falava para uma parede, as melodias conformes dos meus filhos ao piano. a minha própria voz não era a minha, ouvia-me mal, desafinada. mantive longe o telefone. estive dentro de um baú. pensei que ficaria surda para sempre e essa ideia é, para mim, a pior de todas.

felizmente que me cruzei com o José Miguel Ferrer que, com os seus conhecimentos em medicina tradicional chinesa e as suas agulhas mágicas acalmou rapidamente o que parecia não ter remédio. dedico-lhe esta entrada inteira porque lhe devo a rapidez e a eficácia com que se dispôs a tratar-me.

Obrigada.